5.3.07

O blog dos budas ditosos

Ela era puta, mais era bem vestida. Escondia, travestia e investia na carreira. Tudo escondido. Apelava à filosofia você prefere uma filha catadora de lixo ou uma puta? Lidava com brincadeiras psicológicas junto aos familiares, aproveitando a deixa de que a família em si acreditava que as pessoas do mundo são boas, e pregava moral e bons costumes, por fora da carne. Por dentro, ela não é muito confiável.

Mais como sempre, todo filho da puta que se preze tem um anjo. Sim, uma sombrinha ranhenta, uma ajudinha, algo que te deixa ali, são e salvo, limpo e pronto.

Saiu pra mais uma noite. Final de semana começando, noite quente, lua cheia. Escondia-se atrás de uma mochila cheia de roupas femininas até demais, que seriam esquecidas após um tempo numa casa "primeiro posto", antes de todo o esquema começar.

Let's make some money tonight!
Disse a branquelinha e magrinha, agora putinha, com inglês fluente vindo do bolso de pais caipiras, numa cidade caipira, com sotaque caipira. Travestida em poucas roupas, que de antemão foram analizadas milimetricamente segundo os padrões "acentuar cada parte do corpo". Perfume envolvente, caro, coisa fina. Era luxúria saindo pelos poros, exalando de cada gotinha.

Hora de sair.
O encontro já está marcado há uns tempos, tudo pela internet, tudo por e-mail, facinho. Foto num site bem feito, telefone para contato com o "agente" e em seguida, e-mail direto pra caixa postal quentinha esperando por algo que faça o esforço de sentar-se à frente de um computador valer a pena. Local combinado, pagamento efetuado em duas partes sendo uma delas antecipada, e outra, após a satisfação do cliente ser comprovada.

No shopping, ela espera. O encontro marcado, o perfume e as roupas luxuosas, tudo em cima.

A mente limpa e livre. Não pode pensar em nada ela repetia à si mesma. Não é hora de pensar, nem filosofar, é hora de agir.

Vê seu acompanhante subindo pela escada rolante, conforme descrito por e-mail. Camisa social preta, chaves de uma BMW tilintando por entre os dedos, calça de marca. Olhos azuis e cabelo loiro. Era estrangeiro.

4.3.07

Monólogo 1

Dormi viva e acordei morta. É o que me causa essa cidade. Estranhamente é o que me faz gostar mais dela do que qualquer outra. A cabeça corre rapidamente propondo textos para publicar aqui, assim como tão rapidamente quanto ela corre, o texto acaba sumindo da minha cabeçinha.
E assim como uma desempregada mal-humorada, apelações para dormir no sofá com a T.V. ligada são extremamente bem-vindas, oras bolas. O que mais há de se fazer?
Tá bom, dizem que dinheiro não traz felicidade, e que trabalho traz úlceras. Que eu seja infeliz e doente então! Afinal, a única pessoa que é feliz, saudável, um docinho deve ser a Regina Duarte.