23.5.09

Dinâmicas em grupo – para estágios e Trainees

Não é legal. Não é didático. Não é aproveitável. A pessoa que inventou estas técnicas de avaliação de indivíduos realmente não sabia o que estava fazendo. Estava perdida, queria carinho em público, queria chamar atenção, queria alguma outra coisa.


Não sei a que ponto uma pessoa que não é especializada na minha área pode me avaliar. Não sei o quanto uma pessoa que pergunta se eu sei “officer” (deve ser o pacote de softwares OFFICE, da Microsoft) consegue ter uma noção do meu desempenho perante àquela empresa que aquele grupo de moribundos almeja.


É claro que todos são perfeitos pra vaga. Atualmente, qual é o adolescente que não consegue se flexibilizar pra fazer faxina-café-sobremesa? Todos conseguem, todos são pau pra toda obra.


Mesmo sendo uma psicóloga quem te avalia, ainda não é esse o problema. Mas sim: “O que ela REALMENTE está avaliando?” Se você é psicopata, sociopata, não usa calcinha, faz de tudo para crescer, se é um gênio prestes a ser descoberto e usa cocaína ou se enfia o dedo no cu e cheira no tempo livre?


NÃO! Não dá pra saber o que é avaliado. Se ao entrar na saleta a digníssima já não for com a sua cara, continuar às 4 horas lá dentro é tempo de vida perdido.


Você com certeza é a peça que falta em algum lugar. Quem pode julgar isso é quem vai trabalhar contigo, e não uma pessoa contratada pra te achar digno. Só pela correria por emprego e pela predisposição a enfrentar as aterrorizantes 4 horas (esquecendo a fome, dor de cabeça e nervosismo), você já é uma pessoa digna. Tem seus defeitos e virtudes, mas não deixa de ser uma pessoa digna.


Era mais fácil arrumar emprego antigamente, quando as técnicas de entrevista não era “tão avançadas”. A pessoa olhava pra tua cara e perguntava:


-Você sabe fazer isso? Tem interesse em aprender?
-Sim.
-Então comece amanhã.

E era isso. Este era o emprego decente, que você poderia sustentar por décadas, fazer carreira, ou tentar algo diferente. Você não era julgado.

Tipos


A coisa mais interessante vista nessas dinâmicas são os “tipos” de pessoas. Não se sabe ao certo se a pessoa é o que ela realmente mostra durante a dinâmica, pois ela está sob pressão. Mas não é a pressão de falar sobre si, ter que medir suas palavras, seu cansaço e parecer decente, mas falar perante pessoas que você não conhece. Numa conversa “mano-a-mano” com a entrevistadora (mesmo que ela não vá com a tua cara no começo), mesmo aquela contratada que não manja nada da sua área, você com certeza “vai adiante” e diz pelo menos uns 30% do que realmente gostaria de dizer.

Você consegue mostrar o que realmente importa.

Tipo A – O Viajado
O cara viajou a vida inteira, fez intercâmbios em 37248732948 países, fala inglês e espanhol fluentes, japonês intermediário, italiano intermediário. Mas é um bosta.

Tipo B – O gênio superdotado
Passou em primeiro no vestibular da USP, UNICAMP e afins. Se define como “altamente auto-didata”. Usa óculos. Não se sabe como ele pode estar desempregado ou procurando emprego, se é tão inteligente e especial assim. Como o Google ou a Microsoft ainda não o contratou? Conhece absolutamente todas as linguagens de programação. Pra ele, você é um bosta.


Tipo C – O estrangeiro
Morou e estudo fora. Não se sabe por que um indivíduo que morou e estudou no estrangeiro volta pra procurar emprego aqui. Lá é melhor, sempre. Até os mendigos falam inglês, e tal.

Tipo D – O religioso
Estudou em escola religiosa a vida inteira. Se falar um “caralho” do lado dele, o bicho fica roxo de raiva. Estudou muito, fala sempre corretamente. Pega a sua vaga na surdina. Dá o cu pra continuar virgem perante o mundo. Vocês entenderam a analogia.


Tipo E - O Malandrão
Faz todos acreditarem que ele é boa pinta, e fala alto o suficiente pro andar inteiro escutá-lo. Tem uma apresentação pessoal ensaiada, e na parte do trabalho em grupo quer ser o líder, mas sempre tem as idéias mais toscas. Quer apresentar o trabalho em grupo, mas acaba se enrolando, já que não pôde ensaiar. É um bosta.


Tipo F – O insignificante
Quase que figurantes contratados para a dinâmica. Após escutar a apresentação pessoal, você já esqueceu tudo o que ele falou, e nem lembra o nome dele. Não sei o que ele faz ali. Bosta.


Tipo G – A gostosa
Ela é gostosa. Tudo o que ela falar ou fazer não vai importar, pois ela é gostosa até de roupa social. Será que essa roupa é fácil de tirar?


Tipo F – O adEvogado
É interessante. Muitas vezes juntam um grupo de pessoas com profissões bem diferentes pra fazer dinâmica juntas. Ele escreve bem, fala bem, se veste bem, mas é um bosta.


Resumo da ópera: se você, assim como eu, não tem experiência profissional, não tem um pai $fodão$ pra te empurrar e nem $tempo pra estudar e se especializar, vá em frente e desencane na hora da dinâmica. Seja você mesmo, mas reconheça os tipos (tanto de participantes quanto de avaliadoras) e tente treinar-se para evitá-los. Não pareça de saco cheio.


Burros somos nós, que se sujeitamos a isso enquanto outras pessoas só precisam “pedir” pelo emprego. Mas, se temos que passar por isso, será com dignidade.


Se não der pra evitar essas dinâmicas, tente sempre arrasar na hora da apresentação pessoal. Isso conta crédito se você fizer cagada na atividade.


Nunca se deixe dominar pela raiva, e pelo nervosismo. Em algumas chances, vale à pena passar por isso. Nunca teremos um desafio maior do que os nossos limites. Se você acha que chegou ao seu limite, acredite: ainda faltam 50%.

Boa sorte pra nós, que estamos em busca de um lugar ao sol!