4.11.06

Sobre Finados.

Eu até pensei em deixar passar, só que a consciência não me permite.

Umas semanas atrás eu tava fuçando nas gavetas aqui do escritório e acabei achando a carteira dele. Abri pra ver o que tinha dentro, e dentre os papéizinhos inúteis tinha uma carta.

Era uma carta minha.

Tinha escrito essa carta em algum natal, só que não me lembro o ano. Assim que abri a carta e vi minha letra, lembrei-me de ter escrito aquilo. Não me segurei. Só vi que estava escrito "eu te amo" e fechei a carta. Não sobreviveria à tudo aquilo. Nunca pensei que ele teria guardado a carta.
Como era dia de finados, fomos vê-lo no cemitério. Estava lá, num cemitério "pobrinho", porém, escolhido por ele. Todas as peças que eram de cobre do túmulo foram roubadas. Compramos flores e velas. Ficamos ali, somente olhando, como se esperássemos alguma mensagem dele no ar.

A mensagem não veio.

E eu estava com a carta no bolso. Meu intuito era de levá-la até lá e deixá-la, para que ele pudesse ler novamente, para que nunca esquecesse de mim. Assim como a cada dia que passa eu me lembro mais e mais dele. E foi isso que fiz: escrevi a palavra "pai" na parte de fora da folha dobrada pra ele saber a quem é destinada, e deixei lá pra ele ler. Tomara que ele tenha lido. É importante pra mim.

A falta que ele me faz só cresce a cada dia.

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